Uma das imagens do ensaio Warm Blue foi destaque no Pernambuco Foto Clube. Veja mais abaixo o texto de Francisco Cribari, organizador Foto Clube:
“O papel primeiro do fotógrafo não é decidir o que incluir no quadro, mas o que excluir. Ele deve decidir como fará o reducionismo que, em última instância, ressaltará o ponto central da imagem. A complexidade é frequentemente inimiga da clareza, da comunicação direta, autêntica, honesta. O proverbial “menos é mais” sempre ronda a criatividade do fotógrafo enquanto ele rapidamente mentalmente analisa um amplo cardápio de possíveis composições para a imagem que tenciona produzir. A foto que ora recebe destaque do Pernambuco Foto Clube, que foi produzida pelo fotógrafo Luis Marcelo Zanlucki, prima pela simplicidade e também pela expressividade. Há um tecido de renda sobre os olhos da modelo, com sugestividade de mistério. Insinua-se que nossa bela modelo se guia não pela visão, mas pelos demais sentidos, de forma a aguçar sensorialidades e desejos. E há… e há… e há… Uma boca. A boca da modelo é o ponto central da imagem. Ela domina nossa atenção de forma quase hipnótica. (OK, livremo-nos do “quase”…) Mais: ela desperta sentimentos em nós, chegando a nos paralisar. Por um breve instante parece que nada mais há, na imagem ou até mesmo no nosso entorno ao largo. Aquela boca resume todas as humanidades que nos aguçam, ao menos momentaneamente. A boa arte tipicamente aguça-nos, toca-nos, move-nos, desperta em nós impulsos fundamentalmente humanos. Essa imagem consegue exatamemte isso. Consegue muito a partir de muito pouco. Lembra-nos que nada substitui o essencial. Isso! A fotografia é exatamente sobre isso: o essencial. E em qualquer ramo ou área, não apenas em retratos. Sabemos então o que perseguir: o essencial. Meta colocada, parabenizamos o fotógrafo.”